Fazer turismo no Rio de Janeiro é maravilhoso, até mesmo para quem já mora na cidade. Mas mais incrível que isso é saber a história por trás de tantos lugares conhecidos, o que torna o passeio muito mais interessante e uma verdadeira viagem no tempo.

Conhecido internacionalmente como “free walking tour” e presente em diversas cidades do mundo, o conceito do passeio é ser um tour guiado a pé, sem custo e que no final você pode oferecer uma gorjeta pelo serviço. A modalidade chegou na cidade maravilhosa para ficar: tem tour histórico pelo centro do Rio, tour pela região portuária, tour pela zona sul, algumas opções temáticas, dentre outros.

O passeio chamado de “Rio Antigo” tem a proposta de passar por pontos conhecidos do centro da cidade, contando um pouco mais sobre o início do Rio de Janeiro.

A história da cidade começou dois anos depois da história do Brasil. Em janeiro 1502 chegou a primeira expedição portuguesa no Rio de Janeiro, pela Baía de Guanabara. Os navegadores portugueses, achando estar em uma grande foz de um rio, batizaram a cidade com o nome de Rio de Janeiro.

A fundação da cidade foi feita décadas mais tarde, em 1565, por Estácio de Sá, rebatizando de “São Sebastião do Rio de Janeiro” em homenagem a D. Sebastião, rei de Portugal. De 1763 a 1960, o Rio foi capital do Brasil. A partir da década de 60, a capital foi transferida para Brasília.

A INFLUÊNCIA FRANCESA NO CENTRO DA CIDADE

No final da década de 20 e início da década de 30, o Rio passou por uma grande mudança urbana, principalmente a região do centro e a cidade foi dividida em zonas (norte, sul e centro).

Nessa reformulação passou a ser proibido viver no centro. Naquela época 70% da população vivia nessa região e teve que sair, ocupando outras áreas.  O centro passou a ser dedicado a duas funções: trabalho e cultura.

A repaginação contou com forte influência francesa, um modelo que estava em alta e era inspiração para o mundo. Naquele período, ser moderno e ser cultural era “ser Paris”.  O objetivo era trazer um modelo parisiense para a região e além de empresas, o lugar passou a ser ocupado por bares, cinemas e teatros. Essas características podem ser observadas até hoje nas construções mais antigas da região central.

Com o surgimento dos shoppings na década de 70, muitos cinemas e teatros fecharam. Hoje o único cinema que ainda existe é o Odeon, onde acontecem os principais festivais e mostras de cinema. Ele está localizado na Praça Floriano Peixoto, mais conhecida como Cinelândia.

RIO BRANCO

Atualmente conhecida como Rio Branco, era chamada de Avenida Central porque tinha a função de dividir a cidade e trazer ventilação para dentro da cidade por unir o mar de uma ponta a outra. De um lado repartições públicas e empresas. De outro, a parte cultural da cidade na Cinelândia. Na época desenvolveu um papel essencial porque não havia saneamento.

Ela sofreu uma grande reformulação nos últimos três anos e hoje parte dela é fechada para o trânsito, passando apenas pedestres e o VLT.

THEATRO MUNICIPAL

Com 108 anos de existência, o Theatro Municipal passou por uma grande reforma na década de 30 feito por Pereira Passos Júnior, filho de Pereira Passos. O objetivo era se enquadrar nessa nova visão de cidade que queriam ter, uma cidade maior e mais imponente. E se o modelo era ser Paris, isso se refletiu no Teatro.

Sua área exterior é composta por ouro maciço e folheada a ouro. Em seus salões eram feitos os bailes da República. Além dessa luxuosa imagem de fora, cada salão é inspirado em uma cultura diferente (Egito, Grécia, dentre outros).

O teatro oferece tour guiado e é um ótimo passeio para quem gosta de arte. A visita é realizada de terça à sexta às 11h30, 12h, 14h (inglês), 14h30, 15h e 16h, e aos sábados e feriados às 11h, 12h e 13h. A venda é feita na bilheteria do teatro e o ingresso custa R$20,00 (meia entrada para estudantes e idosos).

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES

Na esquina ao lado do Theatro Municipal está o Museu Nacional de Belas Artes, a única construção do Rio com teto preparado para receber neve. Nele, a principal galeria de arte é a brasileira do século XIX. Algumas obras marcantes estão expostas nele como por exemplo o quadro da Guerra do Paraguai. Além disso, há também outras exposições itinerantes e um salão de esculturas. A entrada custa 8 reais (estudantes pagam meia). O museu funciona de terça à sexta-feira das 10h às 18h e sábados, domingos e feriados das 13h às 18h.

Fonte: mnba.gov.br

BIBLIOTECA NACIONAL

Em restauração há anos, a Biblioteca Nacional é a mais importante fora da Europa. Ela é considerada pela UNESCO como uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo e é também a maior da América Latina.

Fundada oficialmente em outubro de 1810, é a mais antiga instituição cultural brasileira. A biblioteca oferece visitas guiadas de segunda à sexta de 10h às 17h e sábados de 10h às 14h.

O INÍCIO DO POVOAMENTO DA CIDADE

Os portugueses chegaram ao Brasil em 1500 e no Rio em 1502. Por muito tempo eles vinham uma ou duas vezes por ano e levavam especiarias e pau brasil.

A grande missão de povoamento vem em 1604, onde os portugueses se instalaram na Bahia, São Paulo e Rio de janeiro.  A cultura da cana se fortificou e o Rio cresce muito porque vira um forte porto de escoamento da cana para o mundo.

CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO

A história do Convento de Santo Antônio começou em 1592, quando chegaram os primeiros frades franciscanos. A primeira missa foi rezada em fevereiro de 1615 e sua obra foi terminada em 1620.

No entorno do Morro de Santo Antônio, onde fica o convento, havia a Lagoa de Santo Antônio. Essa lagoa, que ocupava o espaço onde hoje é o Largo da Carioca, acabou sendo drenada e aterrada.

O complexo inteiro é formado pelo Convento, pela Igreja de Santo Antônio e pela Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência.

REESTRUTURAÇÃO DA CIDADE E O ATERRO

Em 1600 o povoamento cresce e com a necessidade de expandir a cidade, os portugueses começaram a desmontar os pequenos morros que haviam no centro da cidade. Um deles era o Morro do Castelo, nome que ficou até hoje na região. Também havia o Morro de Santa Luzia e o Morro de Santo Antônio. Esse último foi cortado pela metade e planado para a construção do Convento de Santo Antônio. Com o objetivo de ganhar espaço aterrando, toda essa terra vinda da planificação do terreno foi para a parte que hoje é o Aterro.

Avenida Beiramar (Botafogo) em novembro de 1906. Foto de Augusto Malta.

Na década de 1960 a famosa arquiteta paisagista e urbanista Lota de Macedo trouxe um projeto novo para o Aterro. A convite de Carlos Lacerda, foi uma das responsáveis pelo projeto Parque do Flamengo. Em 2015 o aterro foi decretado pela UNESCO como patrimônio arquitetônico e paisagístico da humanidade.

PALÁCIO TIRADENTES

Antes de ser um Palácio, o local abrigava a Câmara Imperial e uma cadeia. Foi lá onde Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ficou preso durante três anos antes de ser enforcado em 1792. Nessa mesma Câmara Imperial houve momentos marcantes para a história, como a aprovação da Lei Áurea em 1888.

Em 1922, tudo foi demolido para dar lugar ao Palácio Tiradentes. Inaugurado em 1926, o lugar passou a abrigar a Câmara Federal, onde presidentes como Juscelino Kubitscheck tomaram posse e discursaram para o povo.

De 1937 a 1945 o lugar passou a ser Ministério da Justiça e Departamento de Imprensa e Propaganda. Depois, em 1960, se tornou Assembleia Legislativa do Estado da Guanabara. Atualmente funciona como Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ).

PRAÇA XV E A CHEGADA DA CORTE PORTUGUESA

Em 1700 aconteceu o período de exploração de ouro, o Brasil se transformou na principal colônia de Portugal e um dos principais portos das Américas.

Em 1807, Napoleão pressionou Dom João para escolher se estava do lado da França ou da Inglaterra. Ele pede auxílio aos ingleses para fazer a transferência da corte portuguesa para o Brasil, com o objetivo de preservar a coroa e os portos abertos para a Inglaterra.

A marinha inglesa emprestou barcos e toda a estrutura para a vinda deles. O primeiro ponto de parada da Família Real no Brasil foi a cidade de Salvador, onde permaneceram por quase um mês. Eles chegaram ao Rio de Janeiro em março de 1808 pela Praça XV, conhecida na época como Largo do Paço. Estima-se que vieram junto com a família real cerca de 15 mil pessoas. Na época o Rio tinha cerca de 60 mil habitantes, onde metade desse número eram escravos.

Praça XV (Fonte: Instituto Moreira Salles)

PAÇO IMPERIAL

Fonte: Instituto Moreira Salles

O Paço Imperial, na época Palácio dos Vice-Reis, foi a primeira casa oficial da Família Real onde eles permaneceram cerca de 3 anos. Depois se mudaram para o Palácio da Quinta da Boa Vista, que hoje é o nosso Museu Nacional.

CONVENTO DO CARMO

A construção branca em frente ao Paço Imperial era o Convento do Carmo. Quando a família real chegou ao Rio, foi construída uma passarela que ligava o Convento ao Paço Imperial. A Rainha Maria I de Portugal, a “louca”, passou a viver e ser cuidada no Convento. Lá, ela passou seus últimos anos de vida.

IGREJA NOSSA SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ

A Igreja foi elevada ao título de Capela Real em 1808. Após a morte de Dona Maria I, em 1816, D. João VI foi aclamado como rei nessa igreja. Depois, na independência do Brasil em 1822 D. Pedro I foi coroado Imperador nela também. Mais tarde, ela foi palco da coroação de D. Pedro II, além de todos os casamentos reais.

TRAVESSA DO COMÉRCIO E O ARCO DO TELES

O Rio passou a ser a capital da coroa. Surgiu a necessidade de um mercado para abastecer todo esse povo. Foi criada a Travessa do Comércio e nela eram comercializados os produtos para abastecer o palácio e as principais casas do entorno, onde moravam as pessoas mais ricas.

O Arco do Teles foi construído em meados do século XVIII para ligar a Praça XV (antiga Praça do Carmo) à Rua do Ouvidor (antiga Rua da Cruz). O nome deve sua origem à família Teles de Medeiros, proprietários do prédio no local.

Depois que a Travessa do Comércio perdeu o título de mercado, ela começou a ter outra função. Se tornou uma zona de bares e boemia que permanece até os dias atuais.

Outra curiosidade é que nesse local também está a casa onde Carmen Miranda passou sua adolescência.

Antiga residência da Carmen Miranda.

CONFEITARIA COLOMBO

Inaugurada em 1894, cinco anos depois da proclamação da república, a Confeitaria Colombo serviu como palco de encontro da classe política brasileira. Nela eram realizados diversas reuniões e jantares presidenciais.

PASSEIO PÚBLICO

O Passeio Público, inaugurado em 1808, foi o primeiro parque para entretenimento público das Américas. Dom João quando chegou ao Rio, quis deixar a cidade com uma cara mais europeia e esse parque foi uma das criações. Na entrada do parque está a imagem de Dona Maria.

Aproveite para combinar o passeio com a região portuária. Os tours fazem o trajeto Pedra do Sal, Jardim suspenso do Valongo, o Cais do Valongo e o espaço Meu Porto Maravilha.